Observo a grade presa a seus compromissos
Todas as folhas antes aguardadas, agora mortas
Nada vai além do abismo do infinito sem rumo.
O céu salpicado no mar na tentativa de ressuscitar
A bela sereia adormecida no clarão do esquecimento.
Os passos tortos são sentidos até mesmo do outro lado da ilha.
As ruas brincam com as palavras como bambolês.
Elas deslizam suavemente por prédios, feirantes, crianças perdidas.
A velha casa da esperança tricota novos sonhos.
Uma cidade inteira bordada nos olhos do sol.
É engraçado perceber um casal distraído trocando juras apaixonadas enquanto a polícia descarrega munição em todos, os criminosos dizem eles, será que elas possuem radar?Pois tem tiro para todos os lados.
Ou será que um oftalmo resolveria a situação?
Cala-te ou entrego-te essa pimenta para usares como colírio.
A gentileza é uma flor com dentes.
As garras às vezes parecem mais tranqüilas, ao menos hoje.
O asfalto salta para fora do país,
Cansado de tanta injustiça.
O problema já está resolvido?
Afinal segundo os especialistas
Basta costurar algumas (ou todas mesmo) bocas
Com programas estúpidos de TV
E regar as plantações com escândalos de corrupção
Misture tudo bata no liquidificador
Sirva no almoço de domingo
E engasgue com tanta hipocrisia
E assim solucionamos o déficit da previdência.
Déficit?Mas não era apenas uma marolinha?
Ah claro! Uma onda para os banqueiros
E um tsunami para os trabalhadores
Como poderia esquecer!
Afinal a culpa da fome é do trabalhador desempregado
Que planta sem sementes uma terra que não é sua.
Bom então como resolver esse dilema?
Do que estávamos falando?
Ah sim! falávamos da grade solta no constrangedor mundo corporativo?
Não!
Bom, então, acho que era sobre a fome!A fome!Isso mesmo!
Ah essa fácil pergunta uma mais difícil!
Se tiver fome é só comer, não é?
Ta falando sério agora, ou tentando.
É complicado não ironizar um tema o qual os governos
Só lembram com objetivo de alimentar as urnas.
E engordar suas contas bancárias.
A política parece de longe um iceberg
E de perto um deserto.
Essa imagem é apenas o reflexo produzido por mentiras
Estaria mais parecido com um balcão de negócios.
E é o nosso futuro que é vendido e alugado todos os dias.
Quem deve dirigir o carro do amanhã das nossas vidas?
Estamos satisfeito com a liberdade de escolher entre a perda da infelicidade, a compra da miséria ou a prostituição da dignidade?
Queremos correr com os olhos cegos emprestados a juros altíssimos
Quando tivemos que entregar os nossos para alimentar nossa família?
É justo?
É democrático?
É bom para todos?
Ou apenas para alguns?
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