Era um lugar distante e silencioso onde apenas ouvia-se os lentos passos de Tancredo.Ele era um homem solitário,calvo,magro e que tinha apenas uma paixão na vida:plantar.
Todo dia Tancredo levantava,tomava seu amargo café,cuidava de seu jardim de flores e logo após ia até o pomar colher as laranjas para o suco da tarde.Sua vida era simples,disciplinada e baseada em regras e horários.
Desde criança ele sempre teve dificuldade com pessoas,animais ou novidades.Por causa disso decidiu isolar-se com suas plantinhas e ter como companhia o gélido vento e a vista de um precipício.
As tespestades eram quase diárias durante o inverno.Nesse período Tancredo mal dormia,pois tinha horríveis pesadelos.Todos exatamente iguais repetindo-se como uma maldição.
Tancredo acorda,levanta,toma seu café,realiza mecanicamente suas atividades cotidianas,contudo ao terminar de regar suas belas flores,ventos fortíssimos levantam-no do chão,carregando-o até o precipício.Ele começa a cair, grita deseperado por ajuda,no momento em que tudo parecia perdido e já estava se aproximando o seu fim,seus olhos abrem-se e percebe que tudo foi apenas um sonho ruim.
os sonhos eram companheiros fiéis nessa época de tespestades.Sem saber o que fazer aguardou a primavera.Com a chegada da nova estação as terríveis noites fugiram para a caverna escura dos pesadelos.Tudo estava,enfim,calmo.
Essa era sua estação favorita,o ar doce das pétalas,o céu sereno como uma criança adormecida.Durante a noite seus sonhos agora tranquilos e variados,porque a única coisa que tancredo gostava de fazer diferente era sonhar com pessoas e lugares deconhecidos.
Como de costume levantou,tomou seu amargo café,regou as flores,tudo exatamente igual ao dia anterior.Quando de repente iniciou-se uma tempestade,em plena primavera!Seu coração disparou mas não pôde voltar para casa,então o que podia fazer?Continuar com a rotina,isso mesmo,pensou.
Foi para trás,começou seu ritual com as laranjas,porém o vento invejoso ficava a cada segundo mais forte,levantou a poeira,nublando sua visão e fez com que tropeçasse.Sem enxergar começou a caminhar sem rumo,mal sabendo que dirigia-se direto para os braços da morte!Estava indo para o precipício e tudo parecia conspirar para seu trágico destino.
Cada passo lentamente até o chão acabar,a queda é inevitável,o grito é a respota do corpo confuso.A agonia não tem fim e sua viagem continua cada vez mais rápida,seu corpo choca-se com algo duro,uma grande dor banha seu corpo que grita.Segundos passam-se ele fecha com pesar os olhos e ao voltar a abri-los percebe algo macio sustentando-o,mas o que seria?
Estava na sua cama,então foi apenas um pesadelo fora de temporada,refletiu ele.Sua cabeça latejava de dor e gotejava um líquido vermelho que manchou seu travesseiro,era sangue tinha certeza,mas então não foi um sonho?
E se foi como veio parar ali?Será que ainda estaria sonhando?As perguntas pertubavam-no,confuso decidiu sair correndo, olhou ao seu redor sua cabeça já não sangrava mais e compreendeu que ainda estava sonhando.Sem refletir sobre suas ações atira-se no precipício.
Desta vez a queda foi tranquila,sem gemidos ou machucados.Bastava aguardar,logo estaria desperto e tudo estaria bem,conclui.O problema é que a queda parecia mais loga e o amanhecer mais distante,fazendo retornar todas as dúvidas de outrora.O que fazer?Esperar.
Esperou um bom tempo mas nada aconteceu ,a noite chegou e no dia seguinte suas flores murcharam de triteza,as frutas foram apodrecendo até tudo secar. Continuou a esperar.Ele nunca acordou e jamais tocou o chão novamente.Dizem que nas noites frias de chuva pode-se ouvir seus pensamentos,suspiros,gritos.
Muito legal. Gostei mesmo.
ResponderExcluirParabéns Bete, continue publicando seus contos e poesias, e bem vinda a blogosfera beijos, saudades.
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